Quando falamos sobre segurança e saúde no trabalho, muitos pensam apenas em acidentes físicos, ergonomia e uso de EPIs. Entretanto, existe uma categoria silenciosa de ameaças que, muitas vezes, passa despercebida e pode comprometer seriamente tanto a saúde dos colaboradores quanto o desempenho organizacional: o risco psicossocial.
Diferentemente dos riscos físicos, esses fatores não se manifestam por meio de máquinas perigosas ou produtos químicos. Ao contrário, eles estão diretamente ligados ao ambiente emocional, social e organizacional do trabalho. Por esse motivo, identificá-los corretamente é essencial para promover um ambiente laboral mais saudável, produtivo e, acima de tudo, em conformidade com a legislação.
O que são riscos psicossociais?
De forma geral, os riscos psicossociais estão relacionados às interações entre os trabalhadores, à estrutura organizacional, às tarefas executadas e ao contexto social em que o trabalho ocorre. Entre os principais fatores, destacam-se:
Excesso de carga de trabalho
Falta de controle sobre as atividades
Comunicação ineficaz
Assédio moral e sexual
Ambiente de trabalho tóxico
Insegurança quanto ao futuro na empresa
Quando ignorados, esses fatores podem desencadear graves consequências. Assim, surgem problemas como estresse crônico, ansiedade, depressão, burnout e, em muitos casos, afastamentos por questões de saúde mental.
Risco psicossocial na NR 01
Com a atualização da NR 01, que trata das disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, os riscos psicossociais na NR 01 passaram a ser, finalmente, explicitamente considerados dentro do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
Na prática, isso significa que, atualmente, as empresas devem reconhecer e gerenciar os riscos psicossociais da mesma forma que os riscos físicos, químicos e biológicos. Além disso, a análise deve ser baseada em evidências e, obrigatoriamente, contar com a participação dos trabalhadores e da CIPA.
Como identificar o risco psicossocial?
A identificação dos riscos psicossociais exige uma abordagem integrada, cuidadosa e contínua. Para isso, é fundamental combinar observação, escuta ativa e ferramentas específicas. Veja, a seguir, algumas estratégias essenciais:
Aplicação de questionários anônimos: ajuda a identificar percepções sobre assédio, sobrecarga e clima organizacional.
Entrevistas individuais ou em grupo: permitem compreender melhor as relações interpessoais e o nível de satisfação dos colaboradores.
Análise de indicadores: altos índices de rotatividade, absenteísmo ou afastamentos por doenças emocionais, por exemplo, podem sinalizar riscos ocultos.
Roda da vida e outras dinâmicas com apoio psicológico: facilitam o autoconhecimento e ajudam a mapear áreas de desequilíbrio emocional.
Dessa forma, a prevenção sempre começa com o mapeamento. Por isso, contar com o apoio de profissionais capacitados em ergonomia e saúde mental é absolutamente fundamental.
Riscos psicossociais no PGR: como integrar corretamente?
O PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) é uma exigência obrigatória da nova NR 01 e, portanto, precisa contemplar todos os tipos de riscos aos quais o trabalhador está exposto — inclusive os psicossociais.
Sendo assim, incluir os riscos psicossociais no PGR não é apenas uma recomendação, mas sim uma necessidade legal e estratégica. Além de atender à legislação, essa prática demonstra que a empresa se preocupa genuinamente com o bem-estar de seus colaboradores e adota uma gestão moderna e responsável.
Consequentemente, investir na prevenção desses riscos reduz custos com afastamentos, melhora o clima organizacional e, como resultado, aumenta a produtividade.
Em contrapartida, ignorar os riscos psicossociais pode custar caro — tanto para a saúde dos trabalhadores quanto para o desempenho e a imagem da empresa. Por isso, é fundamental colocar esse tema como prioridade dentro do planejamento de saúde e segurança ocupacional.
Em resumo, adotar uma postura proativa diante desses riscos não é apenas uma exigência normativa — como nos casos dos riscos psicossociais NR 01 e da obrigatoriedade de inclusão no PGR —, mas também uma clara demonstração de respeito, cuidado e responsabilidade com aqueles que constroem o sucesso da sua organização todos os dias.
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